sábado, 24 de outubro de 2009

A melhor música brasileira.



A revista Rolling Stone brasileira desse mês, elaborou uma lista com as 100 melhores músicas brasileiras de todos os tempos. Ao conferir o ranking, fiquei muito surpreso mas imensamente feliz ao ver que "Construção" de Chico Buarque ocupava o topo. Isso mesmo! Uma revista voltada quase que exclusivamente para o rock, eleger outro gênero como a melhor música brasileira. Uma escolha mais do que merecida, pois "Construção" é uma das musicas mais inteligentes que já escutei. Com uma estrutura peculiar e original, a música é composta por um jogo interessantíssimo de palavras em qual todas as frases terminam em palavras proparoxítonas e que se alternam com palavras de outros trechos para obter novos sentidos, ainda que não fuja do contexto.

Construção

Chico Buarque

Composição: Chico Buarque

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado

Por esse pão pra comer, por esse chão prá dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair,
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague

"Au Revoir Shoshanna"


"Buon giorno!"

É com um considerável atraso que venho a este blog comentar um dos melhores filmes do ano de 2009. BASTÁRDOS INGLÓRIOS. Se Quentin Tarantino não se supera a cada película, ao menos mantém o mesmo nível e estilo que o consagrou há 15 anos em "Pulp Fiction". Recheado de referências e trazendo uma trilha sonora incrível, percebemos logo no primeiro frame que se trata de um filme de Tarantino. O título do filme sobreposto à um fundo negro, seguido dos nomes dos autores e a velha e já conhecida marca do diretor: a estrutura em capítulos. Em um primeiro capítulo/introdução de tirar o fôlego e roer as unhas (atuação fantástica de Christopher Waltz), a sequência nos mostra o Coronel Hans Landa (Waltz) visitando um judeu em sua fazenda na França. Com o país dominado pelos nazistas durante a segunda guerra mundial, tal visita tem o objetivo de caçar uma família de judeus refugiados supostamente escondidos na casa do pobre fazendeiro. O que se segue é verborragia, sangue, adrenalina e muita, mas muita demonstração de maestria por parte do diretor. Mais Tarantino impossível. E isso é muito bom.


***Destaque para a atuação de Brad Pitt como o Tenente Aldo Raine. Caricato na medida certa e muito divertido.

"Arrivederci"









Nota: 9,5